Bola
da vez
Dados coligidos pela Receita
Federal mostram que o faturamento dos principais clubes de futebol brasileiros
cresceu em "ritmo chinês" nos últimos anos.
Entre as 20 agremiações da
série A, elite da modalidade, verificou-se expansão das receitas de 63% entre
2006 e 2010 (último dado disponível). De uma média de R$ 53 milhões por clube,
passou-se a R$ 84 milhões.
São resultados respeitáveis,
embora aquém dos valores bilionários da Europa. O recordista em faturamento,
Real Madrid, da Espanha, registrou receitas de R$ 1,2 bilhão.
A infraestrutura do futebol
passa no Brasil por um processo de modernização, com as novas arenas para a
Copa do Mundo de 2014. É verdade que o evento deixará alguns elefantes brancos,
estádios superdimensionados para cidades como Manaus e Cuiabá.
O equívoco, contudo, não anula o fato de que,
após 2014, o Brasil terá uma rede de estádios com padrões inéditos de
acolhimento de público. O clima da Copa motivou alguns clubes a investir, por
iniciativa própria, em novas arenas --caso do Grêmio, em Porto Alegre, e do Palmeiras,
em São Paulo.
Esses palcos modernos e
confortáveis podem desfazer a imagem do estádio como um lugar inóspito, com
violência entre torcedores.
Tal mudança, se
ocorrer, poderá vitaminar
a bilheteria dos jogos --um calcanhar de aquiles das finanças dos clubes. As arenas também propiciarão ganhos com shows.
O cenário otimista esbarra, contudo, nos arcaísmos ainda
incrustados no principal esporte do país. Embora venha incorporando algum
profissionalismo, a gestão dos clubes continua marcada por interesses escusos e
personalismo.
Um dos resultados é a dívida
das agremiações com a Receita, que, até 2010, ultrapassava R$ 612 milhões. Na
semana passada, o presidente do Botafogo declarou que os principais clubes do
Rio e de São Paulo tiveram suas cotas de TV penhoradas em razão de tais
débitos.
Não há dúvida de que o
futebol brasileiro tem diante de si uma oportunidade histórica para mudar de
divisão. É duvidoso, contudo, que os clubes e as
federações saibam aproveitá-la como devem.
Folha de São
Paulo, 16/12/2012. Disponível em http://app.folha.com/m/noticia/185534
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