O
AR QUE RESPIRAMOS
Os
maços de cigarros brasileiros passaram a exibir obrigatoriamente imagens
chocantes de pacientes vítimas do tabagismo. Esta não é a primeira nem será a
última das campanhas ordenadas pelo governo para alertar as pessoas sobre os malefícios
do fumo, sobretudo considerando que os fabricantes nos últimos tempos
direcionaram sua publicidade para os jovens e as mulheres. De acordo com o
Instituto Nacional do Câncer, há 30 milhões de fumantes no Brasil, dos quais
2,4 milhões têm de 15 a 19 anos. Ainda no Brasil, um em cada dez casos de
câncer de pulmão é causado pelo cigarro. Isso significa que o tabagismo causa
80 mil mortes todos os anos.
A
Organização Mundial de Saúde também não se cansa de lembrar que atualmente 4
milhões de pessoas morrem de doenças relacionadas com o fumo. Se não se
inverter com urgência a tendência, o cigarro, daqui a vinte anos, ocupará o
primeiro lugar na lista de causas de morte nos países desenvolvidos. Segundo
relatório divulgado em meados do ano passado pelo governo inglês, 8,5 milhões
de pessoas morrerão por ano devido ao fumo.
São
estatísticas mais do que convincentes. Só não convencem os fumantes
empedernidos que, além de não pararem de fazer mal à própria saúde, ainda
prejudicam a saúde alheia, atingindo os chamados “fumantes passivos” nos
ambientes fechados.
A
Europa saiu na frente na luta contra o fumo, ciente de que um em cada três
europeus fuma, e o objetivo é baixar esta relação para um em cinco, como ocorre
nos EUA. A guerra contra o fumo é também uma guerra contra amentira dos
fabricantes que tentam convencer consumidores de que tomam providências para
atenuar os efeitos nocivos.São coisas que não passam de propaganda, como é o
caso das palavras light e suave, impressas em maços de
determinadas marcas, objeto doravante de proibição. Re ferem-se apenas ao
sabor, e não aos efeitos nocivos do fumo.
O
Brasil já entrou nessa guerra. Sete estados brasileiros movem ações nos EUA
contra fabricantes de cigarros americanos. Processos movidos pelos governos de
São Paulo, Rio de Janeiro, Tocantins, Espírito Santo, Mato Grosso do SSul,
Goiás e Piauí buscam ressarcimento das
despesas me´dicas que tiveram com pacientes vitimados por doenças decorrentes
do fumo. O Rio saiu na frente entrando com ação no Texas.
Processos
contra empresas americanas começaram em 1999. Perversamente, o consumo de
tabaco baixa nos países ricos, mas o lucro dos fabricantes aumenta. Isto se
deve graças à ofensiva que se dirige aos jovens e às mulheres nos países em
desenvolvimento. Esta proporção,que na realidade é uma desproporção sinistra,
tem de acabar. Se não com a atual campanha, seja com outras, e com medidas
eficazes do governo, até que a atmosfera volte a ficar rarefeita.
JBOnline, 12/02/2002 in HTTP://jbonline.terra.com
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